22 de abril de 2008

Como tudo acontece

Chegou a altura de explicar o processo de produção de cerveja caseira a partir de grão de malte. Tal como já foi dito, a ideia base é a mesma do processo industrial, embora em menor escala e com equipamentos diferentes.
Este post servirá para explicar, de uma forma breve e sucinta, todo o processo de produção a partir de grão. Em futuros posts cada etapa será analisada de uma forma mais exaustiva.
Tal como no processo industrial, tudo começa com a moagem do grão. A moagem é feita recorrendo a um moinho de malte e a finalidade é quebrar os grãos de malte de forma a possibilitar a entrada de água que vai dissolver o amido do grão para que este passe para o mosto.
De seguida coloca-se água e o malte moído numa panela e leva-se ao lume. Esta etapa dá pelo nome de brassagem. Com a ajuda de um termómetro coze-se o malte a temperaturas e tempos pré-estabelecidos. Isto faz com que o amido do malte seja convertido em açúcar, que será posteriormente utilizado pelas leveduras no processo de fermentação.
Após a brassagem estar concluída, é hora de passar à filtração. Esta etapa é feita com o recurso a uma cuba filtrante, que consiste num recipiente com fundo falso perfurado. Verte-se o conteúdo da panela na cuba filtrante e deixa-se repousar para que os sólidos assentem no fundo da cuba. Estes sólidos (cascas e resto dos grãos de malte) servirão de matéria filtrante, de forma a se obter um mosto o mais límpido possível. Começa-se a extraís os primeiros litros de mosto filtrados através da torneira da cuba. É importante voltar a colocar na cuba estes primeiros litros já que saem ainda muito turvos. Quando o mosto filtrado começar a sair límpido é hora de o começar a recolher na panela.
Após a filtração estar concluída, o mosto recolhido é colocado de novo ao lume e leva-se à fervura. Após levantar fervura fazem-se as várias adições de lúpulo e também alguns ingredientes mais de acordo com a receita a elaborada.
Depois de concluída a fervura do mosto é importante arrefece-lo o mais rápido possível. Para o conseguir pode-se recorrer a um dispositivo especial para o efeito que consiste numa serpentina de tubo em cobre que se mergulha dentro da panela com o mosto. Por dentro desse tubo de cobre circulará água fria, o que fará com que o mosto arrefeça. Mas para quem não tem a serpentina de cobre, esta operação também poderá ser feita mergulhando a panela com o mosto quente numa banheira cheia de água com gelo. É um processo eficaz, embora um pouco mais demorado que o arrefecimento com a serpentina.
Assim que o mosto esteja à temperatura pretendida para a fermentação, faz-se a trasfega para o fermentador previamente esterilizado. Posteriormente adiciona-se a levedura, fecha-se o fermentador, coloca-se o borbulhador e deixa-se fermentar durante 2 a 3 semanas. As leveduras vão utilizar o açúcar do mosto como substrato, e como resultado deste processo produzem CO2 e etanol (álcool).
Após a fermentação concluída é hora de engarrafar a nossa cerveja. E pergunta o leitor, como vamos colocar o gás no interior da garrafa? Antes de engarrafar a cerveja adiciona-se um pouco de açúcar a cada garrafa, ou então ao lote inteiro. O que acontece é que, ao engarrafar a cerveja a levedura também irá para a garrafa. A levedura vai utilizar o açúcar que adicionamos à cerveja para realizar uma segunda fermentação na garrafa. Desta segunda fermentação resulta igualmente álcool e ainda CO2, o gás que necessitamos para a nossa cerveja ficar completa.
Após o engarrafamento, deixa-se a cerveja repousar durante 2 semanas para se dar a fermentação na garrafa. No final das 2 semanas é só abrir, verter para o copo e deliciar-nos com a nossa produção caseira!!

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